Quem vive com a ansiedade e com ataques de pânico entenderá tudo aquilo sobre o qual irei falar. Já sofro deste problema há cerca de 10 anos. Houve fases em que não tive qualquer crise, embora o gatilho da ansiedade estivesse sempre presente. Durante um período de tempo manifestei alguns medos, tais como andar de elevador, andar de escadas rolantes (estranho, eu sei) e andar de transportes (comboio, principalmente). Felizmente, tão depressa como surgiram, os mesmos desapareceram. Quando digo depressa, falo de mais ou menos uns seis meses. Como podem imaginar, isto limitou imenso a minha vida.
A fase aguda deste transtorno sempre coincidiu com situações mais delicadas na minha vida. A instabilidade emocional é, sem dúvida, determinante para a saúde mental.
Durante os últimos dois anos, fiz a minha vida sem qualquer problema. Andar de transportes, sair à noite, ir a concertos, fazer desporto, tudo sem qualquer entrave. Reconheci sempre em mim aquela inquietação, mas contornava-a sem dificuldade.
Tinha um trabalho que detestava e que muito contribuiu para o acumular de tensões e pensamentos negativos. Para fugir à rotina, ocupava ao máximo o meu tempo livre. Sinceramente, acho que só estava em casa para dormir. A ideia de ficar em casa, de não sair , de não aproveitar a vida angustiava-me.
Há seis meses atrás fui despedida. Estava em pleno Verão e achava que finalmente iria acabar com qualquer stress na minha vida. Não podia estar mais enganada. O tempo livre (que eu tentava tão desesperadamente preencher) tornou-se um fardo. Esta altura coincidiu com a época de férias de toda a gente: ali estava eu, sozinha no mês de Agosto, sem poder preencher o meu tempo, sem poder ocupar a cabeça. Fiquei sozinha com os meus pensamentos que, em catadupa, desabaram sobre mim. Todas as desilusões, todos os problemas que me tinham surgido ao longo dos últimos meses voltaram em força. Problemas que eu tinha optado por não digerir, por não os valorizar. Erro crasso.
Comecei a sentir muitas tonturas, dores de cabeça, náuseas...e por fim, o medo de morrer. Passei a viver outra vez com o medo como companhia. Convenci-me que tinha algo terrível. Não podia ser só nervosismo e ansiedade, apesar de toda a minha experiência até à data. Com o medo de morrer, vinha a fraqueza, nomeadamente, a falta de força no lado esquerdo do corpo, os formigueiros na cara, a sensação de aperto no peito que me acordava ainda de madrugada, não me deixando dormir mais.
Como devem imaginar, fui ao médico e fiz um check-up. Nada. Saudável como sempre. Pensei que isso fosse suficiente para me acalmar, mas tal não sucedeu.
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