Existem pessoas que, no geral, têm uma vida boa. Existem outras que têm uma vida mais ou menos, às vezes mais para o menos do que para o mais. Já para não falar daquelas que são recheadas de situações lamentáveis. É isso, principalmente, que despoleta a ansiedade. A dúvida, a inquietação. Às vezes até pode parecer que está tudo bem, mas não está. Por isso é que estas coisas surgem quase sem aviso prévio. Ontem estávamos a divertir-nos que nem uns loucos. Hoje é uma loucura fazermos planos que impliquem afastar-nos muito de casa...ou, simplesmente, combinarmos algo com alguém sem pensarmos automaticamente "e se eu me sentir mal"?
E a verdade é que nos sentimos mal. Não é imaginação nossa. A causa é bem real, não precisa de ser física para o ser.
Ontem eu estava num momento supostamente zen. Estava no cabeleireiro enquanto me arranjavam as unhas. Começo a sentir uma pressão na cabeça. Calma, pensei eu. Calma o caraças, o cérebro tratou logo de começar a ruminar os neurotransmissores todos.
E agora, como é que eu vou sair daqui sem ter um chilique?
Atrás de mim começaram conversas: "a minha cunhada enforcou-se". Pronto, aqui esvaiu-se o que restava em mim de sangue frio. Falam em morte, em desespero. E eu ansiosa para meter um victan disfarçadamente debaixo da língua. Por sorte, ainda não tinha chegado à parte do verniz, assim, com a mão que estava livre, tirei o comprimido do bolso e levei a mão à boca como quem fosse bocejar. Feito. Pareceu-me mais fácil do que dizer "olhe estou a sentir-me um pouco mal e estou a precisar de tomar um comprimido."
Vidas.
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