Ontem demorei a adormecer e hoje acordei bastante cedo e algo nervosa. Tive um pesadelo que me fez despertar com o coração descompassado e com uma dorzinha irritante no lado direito da cabeça.
Agora estou com náuseas.
E pensar que daqui a uma hora tenho que sair.
O medo de estar na rua. Quem tem síndrome do pânico pode ter uma crise em qualquer lado, mas a maioria das pessoas sente-se mais segura (mais confortável?) em casa, o que leva a que os sintomas ocorram em menor intensidade. Na rua tudo fica mais perigoso. Uma dorzinha transforma-se num avc ou num enfarte. Apesar de sermos saudáveis, apesar de termos uma tensão arterial normal ou até baixa. Naquele momento, algo de terrível vai acontecer, de certeza.
Já não saio à noite há uns dois meses. Nem um simples jantar com amigos. Tenho medo de estar longe de casa e ter uma crise. Começa aquela dor de cabeça, começa a tontura, começa a sensação de desmaio e tenho de fugir. É impressionante, mas às vezes basta entrar no comboio de regresso a casa para me começar a sentir melhor (apesar de estar num transporte público).
As minhas interacções sociais limitam-se a tomar um café rápido num sítio que não seja muito barulhento e que não demore muito a deslocar-me até lá.
Os meus sintomas também foram variando ao longo dos anos. Houve uma fase em que sentia muita falta de ar. Houve outra em que sentia muita dormência na cara. Agora tenho, principalmente, tonturas e náuseas. E claro, quando começo a cismar, lá bate o coração apressadamente.
Isto é horrível. Tenho um comprimido pra tomar em sos: o victan. Evito tomá-lo ao máximo porque tenho medo de ficar agarrada à medicação (mais medo).
Como se isto não fosse suficientemente mau, estou com uma depressão. Dou-me conta que passo dias sem sorrir e carrego sempre uma expressão pesada.Ontem dirigi-me à farmácia para comprar o victan e uns outros comprimidos que o médico me tinha receitado ( para a enxaqueca), e quase tive um ataque de choro na fila. Vieram-me as lágrimas aos olhos e foi com grande esforço que não desatei num pranto. Foi embaraçoso e senti o olhar de pena da farmacêutica. É normal. Também eu teria - e tenho - pena das pessoas que sofrem com isto. Porque sei o que sentem, o tormento que passam e, principalmente, a falta de compreensão que enfrentam.
Eu não tenho vontade de fazer nada, nem consigo. Só quero estar no meu canto. Antes, apesar do medo, ainda tinha vontade de fazer coisas. Agora não. Agora choro e só penso que não desejaria isto nem ao meu pior inimigo (se o tivesse).
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